terça-feira, 16 de novembro de 2010

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Nelson Mandela



Poema que inspirou Nelson Mandela durante os 26 anos que permaneceu preso


De dentro da noite que me cobre,
Negra como a cova, de ponta a ponta,
Eu agradeço a quaisquer deuses que sejam,
Pela minha alma inconquistável.

Na cruel garra da situação,
Não estremeci, nem gritei em voz alta.
Sob a pancada do acaso,
Minha cabeça está ensanguentada, mas não curvada.

Além deste lugar de ira e lágrimas
Avulta-se apenas o Horror das sombras.
E apesar da ameaça dos anos,
Encontra-me, e me encontrará destemido.

Não importa quão estreito o portal,
Quão carregada de punições a lista,
Sou o mestre do meu destino:
Sou o capitão da minha alma.

William Ernest Henley (1849-1903)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Que livro está lendo?




Interessante, se seu hobbie é querer saber tudo que há na internet e ler livros, pergunto, que livro está lendo?
A propósito, cito uma lista da página: http://lazer.hsw.uol.com.br/21-livros-mais-vendidos.htm :

1. A Bíblia - 6 bilhões (cópias vendidas)
2. O Livro Vermelho (Quotations from Chairman Mao Zedong) - Mao Zedong - 900 milhões (cópias vendidas)
3. O Alcorão (The Qur'an) - 800 milhões (cópias vendidas)
4. Xinhua Zidian (dicionário chinês) - 400 milhões (cópias vendidas)
5. O Livro de Mórmon (The Book of Mormon) - Joseph Smith Jr. 120 milhões
6. Harry Potter e a Pedra Filosofal - J. K. Rowling 107 milhões (cópias vendidas)
7. E Não Sobrou Nenhum (And Then There Were None) - Agatha Christie - 100 milhões
8. O Senhor dos Anéis (The Lord of the Rings) - J.R.R. Tolkien - 100 milhões
9. Harry Potter e o Enigma do Príncipe (Harry Potter and the Half-Blood Prince) - J. K. Rowling - 65 milhões (cópias vendidas)
10. O Código Da Vinci (The Da Vinci Code) - Dan Brown - 65 milhões (cópias vendidas)
11. Harry Potter e a Câmara Secreta (Harry Potter and the Chamber of Secrets) - J. K. Rowling - 60 milhões (cópias vendidas)
12. O Apanhador no Campo de Centeio (The Catcher in the Rye) - J. D. Salinger - 60 milhões (cópias vendidas)
13. Harry Potter e o Cálice de Fogo (Harry Potter and the Goblet of Fire) - J. K. Rowling - 55 milhões (cópias vendidas)
14. Harry Potter e a Ordem da Fênix (Harry Potter and the Order of the Phoenix) - J. K. Rowling - 55 milhões (cópias vendidas)
15. Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Harry Potter and the Prisoner of Azkaban) - J. K. Rowling - 55 milhões (cópias vendidas)
16. Ben Hur: Uma Narrativa de Cristo (Ben Hur: A Tale of the Christ) - Lew Wallace - 50 milhões (cópias vendidas)
17. Heidi's Years of Wandering and Learning - Johanna Spyri - 50 milhões
18. O Alquimista (The Alchemist) - Paulo Coelho - 50 milhões
19. Meu filho, meu tesouro (The Common Sense Book of Baby and Child Care) - Dr. Benjamin Spock - 50 milhões (cópias vendidas)
20. O Pequeno Príncipe (The Little Prince) - Antoine de Saint-Exupéry - 50 milhões
21. A Marca do Zorro (The Mark of Zorro) - Johnston McCulley - 50 milhões

Já a lista dos mais vendidos da Revista Veja (outubro/2010)


FICÇÃO

1. Querido John - Nicholas Sparks - NOVO CONCEITO
2. A Cabana - William Young – SEXTANTE
3. A Última Música - Nicholas Sparks - NOVO CONCEITO
4. O Último Olimpiano - Rick Riordan – INTRÍNSECA
5. A Hospedeira - Stephenie Meyer – INTRÍNSECA
6. O Ladrão de Raios -Rick Riordan – INTRÍNSECA
7. A Batalha do Apocalipse - Eduardo Spohr – VERUS
8. Fallen - Lauren Kate – RECORD
9. O Mar de Monstros - Rick Riordan – INTRÍNSECA
10.O Símbolo Perdido - Dan Brown - SEXTANTE
11.Os Arquivos do Semideus - Rick Riordan - INTRÍNSECA
12.O Aleph- Paulo Coelho - SEXTANTE
13. A Maldição do Titã - Rick Riordan – INTRÍNSECA
14. Tentada - P.C. Cast e Kristin Cast - NOVO SÉCULO
15. O Vendedor de Sonhos - Augusto Cury -ACADEMIA DE INTELIGÊNCIA
16. A Batalha do Labirinto - Rick Riordan - INTRÍNSECA
17.O Menino do Pijama Listrado -John Boyne - COMPANHIA DAS LETRAS
18. Pequena Abelha - Chris Cleave – INTRÍNSECA
19. Amanhecer - Stephenie Meyer – INTRÍNSECA
20. Sussurro - Becca Fitzpatrick - INTRÍNSECA


NÃO-FICÇÃO
1. 1822 - Laurentino Gomes - NOVA FRONTEIRA
2. Comer, Rezar, Amar - Elizabeth Gilbert – OBJETIVA
3. Comprometida - Elizabeth Gilbert – OBJETIVA
4. 1808 - Laurentino Gomes - PLANETA
5. Não Há Silêncio que Não Termine - Ingrid Betancourt - COMPANHIA DAS LETRAS
6. Mentes Perigosas - Ana Beatriz Barbosa Silva – FONTANAR
7. Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil - Leandro Narloch - LEYA BRASIL
8. Justin Bieber - Tori Kosara – PRUMO
9. Uma Breve História do Brasil - Mary Del Priore e Renato Venancio - PLANETA
10.Brasil - Uma História - Eduardo Bueno - LEYA BRASIL
11. Guinness World Records 2011 - Guinness - EDIOURO
12. Ruth Cardoso - Fragmentos de uma Vida - Ignácio de Loyola Brandão - GLOBO
13. Uma Breve História do Mundo - Geoffrey Blainey - FUNDAMENTO
14. Eu Sou Ozzy - Ozzy Osbourne – BENVIRÁ
15. A Prova é a Testemunha - Ilana Casoy - LAROUSSE
16. Mil Dias em Veneza - Marlena De Blasi – SEXTANTE
17.O Lulismo no Poder - Merval Pereira – RECORD
18. Múltipla Escolha - Lya Luft – RECORD
19. O Encantador de Cães - Cesar Millan – VERUS
20. Marina - A Vida por uma Causa - Marília de Camargo César - MUNDO CRISTÃO



AUTOAJUDA E ESOTERISMO
1. Ágape - Padre Marcelo Rossi - GLOBO
2. Nosso Lar - Francisco Cândido Xavier – FEB
3. Por que os Homens Amam as Mulheres Poderosas? - Sherry Argov - SEXTANTE
4 .O Monge e o Executivo - James Hunter – SEXTANTE
5. O que Realmente Importa? – Anderson Cavalcante - GENTE
6. O Efeito Sombra – Deepak Chopra ,Marianne Williamson ,Debbie Ford – LUA DE PAPEL
7. Mentes Brilhantes, Mentes Treinadas – Augusto Cury – ACADEMIA DE INTELIGÊNCIA
8. Se Abrindo pra Vida – Zibia Gaspareto – VIDA & CONSCIÊNCIA
9. Os Segredos da Mente Milionária – T.Harv Eker – SEXTANTE
10. Encontre Deus na Cabana- Randal Rauser - VIDA & CONSCIÊNCIA
11.O Amor É para os Fortes -Marcelo Cezar - VIDA & CONSCIÊNCIA
12. Quem Pensa Enriquece - Napoleon Hill - FUNDAMENTO
13. Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes - Stephen Covey - BEST SELLER
14. A Arte da Guerra - Sun Tzu - VÁRIAS EDITORAS
15. De Todo o Meu Ser - Mônica de Castro - VIDA & CONSCIÊNCIA
16. Desvendando os Segredos da Linguagem Corporal -Allan e Barbara Pease- SEXTANTE
17. Casais Inteligentes Enriquecem Juntos - Gustavo Cerbasi - GENTE
18. 51 Atitudes Essenciais para Vencer na Vida e na Carreira - Carlos Hilsdorf - CLIO EDITORA
19. Cartas entre Amigos - Sobre Ganhar e Perder - Gabriel Chalita e Fábio de Melo - GLOBO
20. A Marca da Besta - Robson Pinheiro - CASA DOS ESPÍRITOS


...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Morreu Francisco Ribeiro, fundador dos Madredeus

15 09 10 - 02:12
O violoncelista Francisco Ribeiro, fundador dos Madredeus, morreu na terça-feira, aos 45 anos, em sua casa, em Lisboa, vítima de cancro, informou à agência Lusa a irmã do músico, Cristina Ribeiro.

O corpo do compositor vai estar esta quarta-feira, a partir das 16h30, em câmara ardente, na Igreja de Fátima, em Lisboa, de onde seguirá, no dia seguinte, para o Cemitério dos Olivais, onde será cremado.

Já depois de ter saído do agrupamento Madredeus, do qual foi um dos fundadores, Francisco Ribeiro editou, em 2009, o álbum «A Junção do Bem», no âmbito do projecto Desiderata.

A doença levou-o a cancelar um espectáculo agendado para Julho deste ano, na Casa da Música, no Porto, onde o álbum foi gravado, contou à Lusa Cristina Ribeiro, acrescentando que o irmão deixa muitos inéditos.

Compositor, letrista, vocalista e produtor, Francisco Ribeiro realizou mais de 500 concertos no mundo, sendo co-autor da banda sonora do filme «Lisbon Story», de Wim Wenders.

Foi membro da Stroud Symphony Orchestra e da Gloucester Symphony Orchestra, em 2002/03, tendo estudado violoncelo com o professor Henrique Fernandes e com Ruth Zagni.
Fonte: http://www.pressbusca.com/content/archive/2010/09/15/morreu_francisco_ribeiro_funda

domingo, 12 de setembro de 2010

Como anda seu coração?

http://www.thevisualmd.com/health_centers/cardiovascular_health/cardiovascular_continuum

Qual a sua idade?
Como anda seu peso?
Com que freqüência você ingere bebidas alcoólicas?
Você fuma?
Como é a sua alimentação?
Você pratica exercícios físicos?
Com que freqüência você vai ao médico?
Você já fez um check-up ou uma avaliação com um cardiologista?
Com que freqüência você mede sua pressão arterial?
Como andam seus batimentos cardíacos?


Seja franco (a) ao responder estas perguntas e saiba que pode viver com mais qualidade.
As doenças cardiovasculares são nos dias de hoje, uma preocupação mundial. Direta ou indiretamente são as responsáveis por elevado número de mortes em todos os países, em particular nos grandes centros urbanos.

Prevenir as doenças cardiovasculares tem que ser meta prioritária e permanente. Os estudos mostram que aqueles que sofreram ataquês cardíacos, geralmente apresentavam um ou mais “fator de risco”, tais como:

Hipertensão Arterial

- Colesterol aumentado no sangue

- Tabagismo

- Obesidade

- Sedentarismo

- Diabetes

- Stress

- Fatores Genéticos


HIPERTENSÃO ARTERIAL
A Hipertensão Arterial tem sido associada a uma incidência aumentada de ataques cardíacos e derrames cerebrais. Estima-se que 20% da população adulta apresenta Hipertensão Arterial. Quando a hipertensão está associada a outras condições, tais como: obesidade, tabagismo, altos níveis de colesterol ou diabetes, o risco de infarto do miocárdio e derrame cerebral multiplica-se várias vezes.

Em muitas pessoas a pressão arterial elevada pode permanecer assintomática durante muitos anos, por isto é chamada de “assassina silenciosa”. Esta é uma das mais importantes razões para se fazer exames médicos periódicos.

A Hipertensão Arterial tem origem familiar em aproximadamente 95% dos individuos hipertensos e o seu tratamento consiste fundamentalmente na diminuição da ingestão de sal, redução do peso corporal e medicamentos. Na maioria das pessoas a pressão alta não tem cura, necessitando de um tratamento de manutenção por toda a vida, com o objetivo de evitar complicações graves com o infarto do miocárdioeo derrame cerebral.

TABAGISMO
O fumo é um dos piores inimigos para o seu coração. São as estatisticas que demonstram estar o vício do fumo sempre ligado à maior incidência das doenças das artérias coronárias, com todas as suas complicações — angina de peito, infarto do miocárdio e morte súbita. O perigo aumenta de acordo com a quantidade de cigarros fumados e com o número de anos em que eles são consumidos. O tabaco age sobre o coração, principalmente através da nicotina e do monóxido de carbono.

Acelera os batimentos. Contrai os vasos sangüineos. Lesa o revestimento interno das artérias coronárias. Diminui o aproveitamento do oxigênio nos diversos tecidos do organismo, principalmente no próprio músculo cardíaco e aumenta a coagulabilidade do sangue. O abandono do vicio do fumo diminui sensivelmente a probabilidade do aparecimento de doenças do coração.

COLESTEROL
As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de mortalidade, de aposentadoria por invalidez e de licença temporária do trabalho. Entre as doenças cardiovasculares, a de maior incidência é a doença arterial coronariana, que se traduz pela insuficiência da irrigação sangüinea ao coração através das artérias coronárias. O aumento dos níveis de colesterol causam a obstrução das artérias coronárias chamada de “aterosclerose”, levando ao aparecimento de Angina de Peito, Infarto do Miocárdio e Morte Súbita.

O conhecimento dos níveis de colesterol sangüineo circulante é de extrema importância para a prevenção da doença coronariana e do ataque cardiaco. E necessária a medição do colesterol periodicamente em todos os indivíduos adultos, sendo desejável manter estes niveis abaixo de 200mg%. Acima de 240mg%, há alto risco para o aparecimento de ataque cardíaco, quando medidas preventivas terão que ser tomadas, variando desde orientação alimentar e atividade física até o tratamento medicamentoso.

STRESS
A vida moderna trouxe o “stress” ou tensão emocional, resultante de situações de pressão e exigéncias no nosso dia-a-dia no trabalho, em casa e nas relações com as pessoas. Para os individuos que têm ‘problema de coração” ou “pressão alta”, o “stress” pode agravar a doença e dificultar o tratamento. Se não podemos eliminar o “stress” das nossas vidas, devemos aprender a administrá-lo. Procure programar suas atividades, dividindo responsabilidades e reservando tempo para o lazer, convivio com os amigos e a familia. Evite o cigarro, o café e o alcool em excesso. Busque orientação médica.

OBESIDADE
Comprovadamente a redução do peso corporal provoca a diminuição dos niveis elevados de colesterol e da pressão arterial. Assim, conseqüentemente, a obesidade — qualquer que seja a sua causa determinante — é fator preponderante no aparecimento e progressão da aterosclerose e de todas as suas complicações cardiovasculares. Dessa maneira, deve ser combatida, atacando-se as suas causas com dieta apropriada e exercicio fisico regular, adequado a cada pessoa, mas sempre sob orientação médica.


SEDENTARISMO
A própria Organização Mundial de Saúde indicou o combate ao sedentarismo como fator da mais alta prioridade na prevenção da aterosclerose e das doenças a ela relacionadas. Isso porque a vida sedentária não só leva ao aumento da obesidade como também provoca uma diminuição na capacidade física de trabalho. Dessa maneira, exercicios físicos bem orientados e praticados com regularidade, reduzem não só o peso corporal como também colaboram para a diminuição dos niveis de gorduras circulantes no sangue e da sua pressão arterial.

DIABETES
Admite-se hoje que a existência de diabetes em adultos está sempre associada ao aumento das doenças cardiovasculares. Assim, a prevenção e o tratamento do diabetes é fator primordial para se evitar a progressão das doenças cardiovasculares, já que está comprovada a estreita associação deste distúrbio metabólico com outros fatores de risco, como obesidade, níveis elevados de gorduras no sangue e hipertensão arterial, bem como o seu efeito maléfico sobre a função do músculo cardíaco.

FATORES GENÉTICOS
Uma pessoa cujos pais ou avôs sofriam do coração, em principio pode estar mais predisposta que as outras —embora não obrigatoriamente — a ter o mesmo problema. E a isto que se chama de hereditariedade, os fatores genéticos que um filho herda de seus pais Nesses casos, o único caminho é o do cuidado para se evitar que este fator de risco latente, se una aos demais para desencadear ou aumentar uma doença cardiovascular.

Fonte: Uniclínica
Site: http://www.sitemedico.com.br/sm/materias/index.php?mat=451

terça-feira, 31 de agosto de 2010

É possível

Certa lenda conta que estavam duas crianças patinando em cima de um lago congelado. Era uma tarde nublada e fria e as crianças brincavam sem preocupação.
De repente, o gelo se quebrou e uma das crianças caiu na água.
A outra criança vendo que seu amiguinho se afogava debaixo do gelo, pegou uma pedra e começou a golpear com todas as suas forças, conseguindo quebrá-lo e salvar seu amigo. Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:
- Como você fez isso?
É impossível que você tenha quebrado o gelo com essa pedra e suas mãos tão pequenas! Nesse instante apareceu um ancião e disse:
- Eu sei como ele conseguiu.
Todos perguntaram: - Como?
O ancião respondeu:
" - Não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer que não poderia fazer!"

domingo, 22 de agosto de 2010

Por favor, ouça o meu sino





Gosto muitissimo desse texto: O Cavalo Cego

Na estrada de minha casa há um pasto. Dois cavalos vivem lá. De longe, parecem cavalos como os outros, mas, quando se olha bem, percebe-se que um deles é cego. Contudo, o dono não se desfez dele e arrumou-lhe um amigo – um cavalo mais jovem. Isso já é de se admirar.
Se você ficar observando, ouvirá um sino. Procurando de onde vem o som, você verá que há um pequeno sino no pescoço do cavalo menor. Assim, o cavalo cego sabe onde está seu companheiro e vai até ele.

Ambos passam os dias comendo e no final do dia o cavalo cego segue o companheiro até o estábulo. E você percebe que o cavalo com o sino está sempre olhando se o outro o acompanha e, às vezes, pára para que o outro possa alcançá-lo. E o cavalo cego guia-se pelo som do sino, confiante que o outro o está levando para o caminho certo.
Como o dono desses dois cavalos, Deus não se desfaz de nós só porque não somos perfeitos, ou porque temos problemas ou desafios. Ele cuida de nós e faz com que outras pessoas venham em nosso auxílio quando precisamos.


Algumas vezes somos o cavalo cego guiado pelo som do sino daqueles que Deus coloca em nossas vidas. Outras vezes, somos o cavalo que guia, ajudando outros a encontrar seu caminho.

E assim são os bons amigos. Você não precisa vê-los, mas eles estão lá.
Por favor, ouça o meu sino. Eu também ouvirei o seu.

Viva de maneira simples, ame generosamente, cuide com devoção, fale com bondade… E confie, deixando o resto por conta de Deus.
Josué Guimarães

terça-feira, 20 de julho de 2010

Very Interesting

"A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode ser educada e a embriaguez passa, mas a estupidez dura para sempre." Aristófanes

Luana Piovani comenta: ‘Até quando seremos vítimas de abusos?’(http://batalhadoibopee.wordpress.com)

20/07/2010 Dia do Amigo


Tenho amigos que não sabem o
quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes
devoto e a absoluta
necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais
nobre do que o amor,
eis que permite que o objeto dela
se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,
que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar,
embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os
meus amores, mas enlouqueceria
se morressem todos os meus amigos!

Até mesmo aqueles que não percebem
o quanto são meus amigos e o quanto
minha vida depende de suas existências ....
A alguns deles não procuro, basta-me
saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir
em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com
assiduidade, não posso lhes dizer o
quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão ouvindo esta crônica
e não sabem que estão incluídos na
sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta
que os adoro, embora não declare e
não os procure.
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não tem
noção de como me são necessários,
de como são indispensáveis
ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte
do mundo que eu, tremulamente,
construí e se tornaram alicerces do
meu encanto pela vida.

Se um deles morrer,
eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam,
eu rezo pela vida deles.
E me envergonho,
porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos
sobre alguns deles.

Quando viajo e fico diante de
lugares maravilhosos, cai-me alguma
lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome
e me envelhece é que a
roda furiosa da vida não me permite
ter sempre ao meu lado, morando
comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e,
principalmente os que só desconfiam
ou talvez nunca vão saber
que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O Valioso Tempo dos Maduros


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui pra frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!

Mário de Andrade (1893-1945)

domingo, 23 de maio de 2010

12 Dicas

1 - Respeite todas as coisas vivas, especialmente as indefesas.
2 - Tenha um aperto de mão firme.
3- Não tome nenhuma decisão quando estiver cansado(a) ou nervoso(a).
4- Gaste menos do que ganha.
5- Saiba perdoar a si e aos outros.
6- Trate os outros como gostaria de ser tratado(a).
7- Faça novos amigos.
8- Saiba guardar segredos.
9- Não adie uma alegria.
10- Pague suas contas em dia.
11- Sorria.
12- Não reze para pedir coisas. Reze para agradecer e pedir coragem e sabedoria.

quarta-feira, 3 de março de 2010

A Suave Subversão da Velhice -


Revista Época

Edição 188 24/12/2001

A suave subversão da velhice


O mundo de grandes solidões e pequenas delicadezas de uma casa de velhos
Rosa Bela Ohanian, de 89 anos
Viúva, sem filhos, até oito meses atrás ela morava sozinha num casarão em Copacabana. Foi colocada na instituição pelos sobrinhos. Nasceu em Nova York, morou na Dinamarca, foi funcionária diplomática em Washington. Canta e toca piano. Sente falta de novidades e conversas. Emerge apenas de tempos em tempos do quarto e da melancolia. Então canta
De repente eles chegaram lá, ao portão de ferro da Casa São Luiz para a Velhice. A vida inteira espremida numa mala de mão. Deixaram para trás a longa teia de delicadezas, as décadas todas de embate entre anseio e possibilidade. A família, os móveis, a vizinhança, as ranhuras das paredes, um copo na pia, o desenho do corpo no colchão. Reduzidos a um único tempo verbal, o pretérito, com suspeito presente e um futuro que ninguém quer.
Eles também pensaram que a velhice era destino de terceiros. Jamais suspeitaram que estariam nessa situação. Lançados numa casa que não é a sua, entre móveis estranhos, faces que não reconhecem, lembranças que não se encaixam. Não foi assim com seus pais e avós. Atropelados pelo bonde da modernidade em que a juventude é um valor em si, foram deixados na porta porque outros decidiram que o tempo deles acabou.
“Nem quis me despedir de minha casa”, conta Sandra Carvalho. “Só pedi a meu filho que me trouxesse a estante com os bibelôs, um sofá, a cadeira de braço, uma mesa e meus retratos. E, desde então, vivo com o que sobrou.” Sandra veio com o marido doente. Ele morreu há oito meses. Sandra ficou. Os netos cresceram nos retratos, os olhos dos filhos conquistaram novas nuances, a casa foi alugada para outro. Até a cidade ganhou e perdeu. Sandra não viu.
Há algo de trágico no portão de ferro da Casa São Luiz. Melhor que a maioria, a instituição é limpa, decente e cheia de mimos. Igual a todas, é a última estação do trem, abrigo inventado para esconder os que não têm outro lugar, sobrevivem na brecha criada pelo avanço da medicina e pelas aflições da vida moderna. Também a casa uma anciã, completou 111 anos de existência desenrolados no bairro carioca do Caju, o mesmo do cemitério, destino final de todos que estão ali.
Sandra Carvalho, de 80 anos
Ela descobriu-se só, entre as sobras do lar que perdeu, a saudade do marido que partiu oito meses atrás e as fotografias da família. Foi colocada na casa pelo filho com melhor situação econômica. Queria viver com ele nos Estados Unidos. Não dá. Sandra diz que se apagou
O Visconde Ferreira D’Almeida, fundador de fé fervorosa, segue cada passo no caminho de árvores rumo ao coração do lugar. Seu olhar de bronze é onipresente na vigília dos 257 velhos que compartilham uma cidadela dividida em seis torres batizadas com nomes de santos ou de famílias quatrocentonas do Rio de Janeiro que no passado fizeram polpudas doações para garantir uma vaga no céu.
Apesar da solidez da estátua do fundador, a instituição mudou com o tempo. Nasceu antes da invenção da aposentadoria, para abrigar os operários das fábricas de tecido do aristocrata quando já não tivessem forças para mover as máquinas. Um século depois, é habitada por doutores e comerciantes, empresários e intelectuais. Gente de classe média e também de sobrenome ilustre, capaz de pagar uma suíte particular. Restaram 54 paridos pelo berço original de desvalidos. Operários, empregados do comércio, costureiras, lavadeiras, domésticas que descansam o corpo em camas gratuitas de dormitórios arejados, mas coletivos. Como lá fora, entre os pobres e os ricos há uma longa escadaria, o poder inversamente proporcional ao número de camas que abrigam sono e sobressaltos.
Sandra Carvalho, mãe de três filhos, avó de seis netos e bisavó de dois bisnetos, tem a sorte de um quarto só seu. Do contrário, teria apenas um armário para guardar 80 anos de vida. Chegou ao portão pelas mãos do filho do meio. Queria morar com ele nos Estados Unidos. Não dá. “Seria muito complicado”, convence-se. “Queria ser cantora, fui costureira. Minha vida foi sempre tão cheia de controvérsias...” Acaricia o sorriso dos retratos do álbum de casamento, murmura: “Eu me apaguei aqui. É, me apaguei”.
Sandra, com o todos, é vítima da brutalidade de um tempo em mutação. Os passos lentos demais para a velocidade de um mundo que não perdoa quedas. Os velhos perderam afeto, amizade e calor, ganharam tempo. Vivem mais e melhor que seus pais e avós. Vivem mais sós. A morte social chega antes da derradeira batida do coração. Tornaram-se provas inoportunas de que a sociedade que os deixou no portão pisa em terreno pantanoso. Decidem na soleira que querem viver. E o fazem da forma possível, até porque têm idade suficiente para compreender que o possível não é pouco.


Paulo Serrado Filho, de 71 anos
Ele foi boêmio. Um acidente de carro lhe causou danos permanentes nas duas pernas. Depois, teve um enfarte. Solteiro e sem filhos, não faz questão de ser maduro. Hospedou-se na casa há três anos porque tem medo de estar lá fora. Tem fantasias sexuais com Cyd Charisse
No lugar em que foram apartados do tempo, do mundo, da família, reeditam diariamente resistência e insurreição. Desejam. Um sabor diferente no cardápio, a fantasia sexual com a musa hoje mais velha que eles, o jornal do dia seguinte. Enquanto desejarem, ainda que apartados do mundo, estarão vivos. Encarquilhados, vacilantes, são a lembrança incômoda não do passado, mas do futuro de todos. Se a velhice de hoje é aniquilada, a de amanhã já nasce morta. Porque viver, para além das conquistas da ciência, é mais que respirar.
Aos 74 anos, a comerciante portuguesa Fermelinda Paes Campos cumpre o ritual de rebeldia vestindo-se para festa todos os dias. Cobre-se de pérolas, de tecidos vaporosos. “Esses hormônios não me deixam. Estou explodindo”, confidencia. Preso a uma cadeira de rodas, aos 71 anos, o jornalista Paulo Serrado sonha que cavalga águias sobre as montanhas. “Acordo com cara de tacho, mas tudo bem.” Sem poder mais dançar, ele, que foi apelidado de Fred Astaire na boemia de Copacabana, abraça-se ao retrato de Cyd Charisse e rodopia em fantasias. Rosa Bela Ohanian, de 89 anos, morou na Europa e nos Estados Unidos, foi funcionária diplomática em Washington, fala quatro línguas. Emerge da melancolia para entoar uma canção de amor em dinamarquês. “Amo por toda a vida, não por um segundo.”
Nos últimos passos, a vida torna-se um filme em que se desejaria acrescentar personagens, eliminar cenas, avivar as cores da fotografia. Trocar a trilha de música de elevador por um heavy metal. Ou pela “Cavalgada das Valquírias”, um tango de Piazzolla. Aos 86 anos, o mestre-de-obras Guilherme Coelho prefere viver de arrependimento. Lamenta a carne com que se lambuzou na mocidade, todo ele transformado em espírito, a Bíblia ao alcance da mão. Por seis meses ficou tetraplégico, à mercê de fraldas e enfermeiras, a mente presa ao corpo. Nunca esquecerá o pavor da impotência, a enfermeira do hospital que atirou um telefone contra seu corpo paralisado. Quando o dedão do pé mexeu o lençol, Guilherme concluiu que era um milagre. Deus lhe havia concedido tempo para preparar-se para a morte. Guilherme decidiu a canção de seus derradeiros dias.
Eliane Brum (texto)

Frases, verdades, virtudes...

"Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te." Friedrich Nietzsche

" Ser bom é fácil. O difícil é ser justo." Vitor Hugo

"Cada um de nós tem a todos como mortais menos a si mesmo." Sigmund Freud

EU ESCREVO..."Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."Clarice Lispector

domingo, 3 de janeiro de 2010

Novo livro de Jose Saramago - Caim



03/01/2010 - 10h00




MARTA BARBOSA Colaboração para o UOL
Em "A Viagem do Elefante", lançado em 2008, José Saramago já demonstrou estar em ótima forma literária, após superar uma doença respiratória gravíssima e ser desacreditado por médicos e leitores. Agora, com "Caim" (lançamento da Companhia das Letras), o escritor português prova ser capaz de manter o ritmo. Em que pesem as comparações com "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", considerada uma de suas obras primordiais, "Caim" acrescenta muito à biografia do vencedor do Nobel de Literatura de 1998.

Em "Caim", escritor José Saramago revê história do Velho Testamento
Comparar o novo livro de Saramago com "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" é natural. Nos dois trabalhos, o autor português dá sua interpretação da Bíblia. Primeiro, foi o Novo Testamento. Agora, é sobre o Antigo Testamento que Saramago exercita as possibilidades narrativas. Reconta, ao seu modo irônico e com um requintado humor, histórias que vão do jardim do Éden ao episódio do dilúvio.Começa com a expulsão de Adão e Eva do paraíso. E desde já fica claro que o Deus de Saramago não é nenhum velhinho benevolente a passar a mão carinhosa na cabeça de seus filhos. Ao contrário, o que se vê é um Deus teimoso, cheio de caprichos e disposto a qualquer absurdo como prova de fé e obediência de suas criaturas.Caim, o primogênito de Adão e Eva que matou o irmão Abel, é o personagem central da trama. O assassinato do irmão é o ponto de partida desse anti-herói que, com boa retórica e uma capacidade de interpretar os fatos que muito se aproxima do próprio Saramago, consegue que o todo-poderoso reconheça sua parcela de responsabilidade no impulso que o levou a matar Abel.Diante do corpo ensanguentado e coberto de moscas de Abel, Caim e Deus travam uma disputa verbal deliciosa de se testemunhar. E assim segue ao longo de todo livro: criador e criatura em pé de guerra, numa peleja em que o que está em jogo é nada menos que a humanidade."Matei abel porque não podia matar-te a ti, pela intenção estás morto", diz Caim, ao que responde Deus: "Compreendo o que queres dizer, mas a morte está vedada aos deuses". Numa espécie de acordo de recompensa e castigo, Caim é marcado na testa e condenado a andar "errante e perdido pelo mundo" até o fim de seus dias - o que não será logo, já que aquela marca é o sinal de que ninguém o poderá matar.Ali começa a longa jornada de Caim, que passa do presente ao futuro, testemunha fatos que ainda vão acontecer, volta ao passado e garante um tempo literário ágil e moderno. Sua primeira parada (também a mais longa e marcante de sua interminável trajetória) é na terra de nod, uma cidade em construção. Ali, Caim vira pisador de barro, é elevado a porteiro do quarto da dona que governa tudo aquilo e acaba como amante da dona do lugar, Lilith.Mas, como é seu destino, Lilith fica para trás, e Caim retoma sua interminável viagem como testemunha das obras e do poder sufocante de Deus. Vê a destruição de Sodoma e Gomorra, o assalto a Jericó, conhece Abraão a quem Deus ordena o sacrifício do próprio filho, participa da construção da arca que salvará a humanidade do dilúvio, junto a Noé e sua família.Dotado de um sombrio pessimismo de quem é condenado a ver o inenarrável, Caim encontra uma maneira de punir a divindade que odeia. Aproveita um descuido de confiança do dono do mundo e se vinga à altura daquele que, só por ser Deus, governa "a vida íntima dos seus crentes, estabelecendo regras, proibições, interditos e outras patranhas do mesmo calibre".NarrativaComo já de costume, Saramago surpreende em "Caim" com sua prosa moderna, musical, quase sem pontos finais. Os nomes próprios não têm iniciais maiúsculas, e os diálogos estão separados por vírgulas - o intervalo breve que garante agilidade ao texto.Mas o que fica mesmo de "Caim", e faz a gente ler economizando as páginas, com vontade que não chegue a número 172, é a incrível capacidade de Saramago de fazer de uma velha uma nova história. De recontar com encanto o que todo mundo já conhece, mas de outro jeito. Sem perder, claro, sua cruel veia irônica, nem seu talento de expressar com humor negro uma realidade.


"CAIM"

Autor: José Saramago

Editora: Companhia das Letras

Trecho do Livro:
1

Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de mugidos e rugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido fiat, correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias-medidas, enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo. Dos escritos em que, ao longo dos tempos, vieram sendo consignados um pouco ao acaso os acontecimentos destas remotas épocas, quer de possível certificação canónica futura ou fruto de imaginações apócrifas e irremediavelmente heréticas, não se aclara a dúvida sobre que língua terá sido aquela, se o músculo flexível e húmido que se mexe e remexe na cavidade bucal e às vezes fora dela, ou a fala, também chamada idioma, de que o senhor lamentavelmente se havia esquecido e que ignoramos qual fosse, uma vez que dela não ficou o menor vestígio, nem ao menos um coração gravado na casca de uma árvore com uma legenda sentimental, qualquer coisa no género amo-te, eva. Como uma coisa, em princípio, não deveria ir sem a outra, é provável que um outro objectivo do violento empurrão dado pelo senhor às mudas línguas dos seus rebentos fosse pô-las em contacto com os mais profundos interiores do ser corporal, as chamadas incomodidades do ser, para que, no porvir, já com algum conhecimento de causa, pudessem falar da sua escura e labiríntica confusão a cuja janela, a boca, já começavam elas a assomar. Tudo pode ser. Evidentemente, por um escrúpulo de bom artífice que só lhe ficava bem, além de compensar com a devida humildade a anterior negligência, o senhor quis comprovar que o seu erro havia sido corrigido, e assim perguntou a adão, Tu, como te chamas, e o homem respondeu, Sou adão, teu primogénito, senhor. Depois, o criador virou-se para a mulher, E tu, como te chamas tu, Sou eva, senhor, a primeira dama, respondeu ela desnecessariamente, uma vez que não havia outra. Deu-se o senhor por satisfeito, despediu-se com um paternal Até logo, e foi à sua vida. Então, pela primeira vez, adão disse para eva, Vamos para a cama.Set, o filho terceiro da família, só virá ao mundo cento e trinta anos depois, não porque a gravidez materna precisasse de tanto tempo para rematar a fabricação de um novo descendente, mas porque as gónadas do pai e da mãe, os testículos e o útero respectivamente, haviam tardado mais de um século a amadurecer e a desenvolver suficiente potência generativa. Há que dizer aos apressados que o fiat foi uma vez e nunca mais, que um homem e uma mulher não são máquinas de encher chouriços, as hormonas são coisa muito complicada, não se produzem assim do pé para a mão, não se encontram nas farmácias nem nos supermercados, há que dar tempo ao tempo. Antes de set tinham vindo ao mundo, com escassa diferença de tempo entre eles, primeiro caim edepois abel. O que não pode ser deixado sem imediata referência é o profundo aborrecimento que foram tantos anos sem vizinhos, sem distracções, sem uma criança gatinhando entre a cozinha e o salão, sem outras visitas que as do senhor, e mesmo essas pouquíssimas e breves, espaçadas por longos períodos de ausência, dez, quinze, vinte, cinquenta anos, imaginamos que pouco haverá faltado para que os solitários ocupantes do paraíso terrestre se vissem a si mesmos como uns pobres órfãos abandonados na floresta do universo, ainda que não tivessem sido capazes de explicar o que fosse isso de órfãos e abandonos. É verdade que dia sim, dia não, e este não com altíssima frequência também sim, adão dizia a eva, Vamos para a cama, mas a rotina conjugal, agravada, no caso destes dois, pela nula variedade nas posturas por falta de experiência, já então se demonstrou tão destrutiva como uma invasão de carunchos a roer a trave da casa. Por fora, salvo alguns pozinhos que vão escorrendo aqui e ali de minúsculos orifícios, o atentado mal se percebe, mas lá por dentro a procissão é outra, não tardará muito que venha por aí abaixo o que tão firme havia parecido. Em situações como esta, há quem defenda que o nascimento de um filho pode ter efeitos reanimadores, senão da libido, que é obra de químicas muito mais complexas que aprender a mudar uma fralda, ao menos dos sentimentos, o que, reconheça-se, já não é pequeno ganho. Quanto ao senhor e às suas esporádicas visitas, a primeira foi para ver se adão e eva haviam tido problemas com a instalação doméstica, a segunda para saber se tinham beneficiado alguma coisa da experiência da vida campestre e a terceira para avisar que tão cedo não esperava voltar, pois tinha de fazer a ronda pelos outros paraísos existentes no espaço celeste. De facto, só viria a aparecer muito mais tarde, em data de que não ficou registo, para expulsar o infeliz casal do jardim do éden pelo crime nefando de terem comido do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Este episódio, que deu origem à primeira definição de um até aí ignorado pecado original, nunca ficou bem explicado. Em primeiro lugar, mesmo a inteligência mais rudimentar não teria qualquer dificuldade em compreender que estar informado sempre será preferívela desconhecer, mormente em matérias tão delicadas como são estas do bem e do mal, nas quais qualquer um se arrisca, sem dar por isso, a uma condenação eterna num inferno que então ainda estava por inventar. Em segundo lugar, brada aos céus a imprevidência do senhor, que se realmente não queria que lhe comessem do tal fruto, remédio fácil teria, bastaria não ter plantado a árvore, ou ir pô-la noutro sítio, ou rodeá-la por uma cerca de arame farpado. E, em terceiro lugar, não foi por terem desobedecido à ordem de deus que adão e eva descobriram que estavam nus. Nuzinhos, em pelota estreme, já eles andavam quando iam para a cama, e se o senhor nunca havia reparado em tão evidente falta de pudor, a culpa era da sua cegueira de progenitor, a tal, pelos vistos incurável, que nos impede de ver que os nossos filhos, no fim de contas, são tão bons ou tão maus como os demais.Ponto de ordem à mesa. Antes de prosseguirmos com esta instrutiva e definitiva história de caim a que, com nunca visto atrevimento, metemos ombros, talvez seja aconselhável, para que o leitor não se veja confundido por segunda vez com anacrónicos pesos e medidas, introduzir algum critério na cronologia dos acontecimentos. Assim faremos, pois, começando por esclarecer alguma maliciosa dúvida por aí levantada sobre se adão ainda seria competente para fazer um filho aos cento e trinta anos de idade. À primeira vista, não, se nos ativermos apenas aos índices de fertilidade dos tempos modernos, mas esses cento e trinta anos, naquela infância do mundo, pouco mais teriam representado que uma simples e vigorosa adolescência que até o mais precoce dos casanovas desejaria para si. Além disso, convém lembrar que adão viveu até aos novecentos e trinta anos, pouco lhe faltando, portanto, para morrer afogado no dilúvio universal, pois finou-se em dias da vida de lamec, o pai de noé, futuro construtor da arca. Logo, teve tempo e vagar para fazer os filhos que fez e muitos mais se estivesse para aí virado. Como já dissemos, o segundo, o que viria depois de caim, foi abel, um moço aloirado, de boa figura, que, depois de ter sido objecto das melhores provas de estima do senhor, acabou da pior forma. Ao terceiro, como também ficou dito, chamaram-lhe set, mas esse não entrará na narrativa que vamos compondo passo a passo com melindres de historiador, por isso aqui o deixamos, só um nome e nada mais. Há quem afirme que foi na cabeça dele que nasceu a ideia de criar uma religião, mas desses delicados assuntos já nos ocupámos avonde no passado, com recriminável ligeireza na opinião de alguns peritos, e em termos que muito provavelmente só virão a prejudicar-nos nas alegações do juízo final quando, quer por excesso quer por defeito, todas as almas forem condenadas. Agora somente nos interessa a família de que o papá adão é cabeça, e que má cabeça foi ela, pois não vemos como chamar-lhe doutra maneira, já que bastou trazer-lhe a mulher o proibido fruto do conhecimento do bem e do mal para que o inconsequente primeiro dos patriarcas, depois de se fazer rogado, em verdade mais por comprazer consigo mesmo que por real convicção, se tivesse engasgado com ele, deixando-nos a nós, homens, para sempre marcados por esse irritante pedaço de maçã que não sobe nem desce. Também não falta quem diga que se adão não chegou a engolir de todo o fruto fatal foi porque o senhor lhes apareceu de repente a querer saber o que se tinha passado ali. Já agora, e antes que se nos esqueça de vez ou o prosseguimento do relato venha a tornar inadequada, por tardia, a referência, revelaremos a visita sigilosa, meio clandestina, que o senhor fez ao jardim do éden numa cálida noite de verão. Como de costume, adão e eva dormiam nus, um ao lado do outro, sem tocar-se, imagem edificante mas enganadora da mais perfeita das inocências. Não despertaram eles e o senhor não os despertou. O que ali o tinha levado fora o propósito de emendar uma imperfeição de fabrico que, finalmente o percebera, desfeava seriamente as suas criaturas, e que era, imagine-se, a falta de um umbigo. A superfície esbranquiçada da pele dos seus bebés, que o suave sol do paraíso não conseguira tostar, mostrava-se demasiado nua, demasiado oferecida, de certo modo obscena, se a palavra já existisse então. Sem detença, não fossem eles acordar, deus estendeu o braço e, levemente, premiu com a ponta do dedo indicador o ventre de adão, logo fez um rápido movimento de rotação e o umbigo apareceu. A mesma operação, praticada a seguir em eva, deu resultados similares, ainda que com a importante diferença de o umbigo dela ter saído bastante melhorado no que toca a desenho, contornos e delicadeza de pregas. Foi esta a última vez que o senhor olhou uma obra sua e achou que estava bem.Cinquenta anos e um dia depois desta afortunada intervenção cirúrgica com a qual se iniciaria uma nova era na estética do corpo humano sob o lema consensual de que tudo nele é melhorável, deu-se a catástrofe. Anunciado por um estrondo de trovão, o senhor fez-se presente. Vinha trajado de maneira diferente da habitual, segundo aquilo que seria, talvez, a nova moda imperial do céu, com uma coroa tripla na cabeça e empunhando o ceptro como um cacete. Eu sou o senhor, gritou, eu sou aquele que é. O jardim do éden caiu em silêncio mortal, não se ouvia nem o zumbido de uma vespa, nem o ladrar de um cão, nem um pio de ave, nem um bramido de elefante. Apenas uma bandada de estorninhos que se havia acomodado numa oliveira frondosa que vinha dos tempos da fundação do jardim levantou voo num só impulso, e eram centenas, para não dizer milhares, que quase obscureceram o céu. Quem desobedeceu às minhas ordens, quem foi pelo fruto da minha árvore, perguntou deus, dirigindo directamente a adão um olhar coruscante, palavra desusada mas expressiva como as que mais o forem. Desesperado, o pobre homem tentou, sem resultado, tragar o bocado de maçã que o delatava, mas a voz não lhe saiu, nem para trás nem para diante. Responde, tornou a voz colérica do senhor, ao mesmo tempo que brandia ameaçadoramente o ceptro. Fazendo das tripas coração, consciente do feio que era pôr as culpas em outrem, adão disse, A mulher que tu me deste paraviver comigo é que me deu do fruto dessa árvore e eu comi. Revolveu-se o senhor contra a mulher e perguntou, Que fizeste tu, desgraçada, e ela respondeu, A serpente enganou-me e eu comi, Falsa, mentirosa, não há serpentes no paraíso, Senhor, eu não disse que haja serpentes no paraíso, mas digo sim que tive um sonho em que me apareceu uma serpente, e ela disse-me, Com que então o senhor proibiu-vos de comerem do fruto de todas as árvores do jardim, e eu respondi que não era verdade, que só não podíamos comer do fruto da árvore que está no meio do paraíso e que morreríamos se tocássemos nele, As serpentes não falam, quando muito silvam, disse o senhor, A do meu sonho falou, E que mais disse ela, pode-se saber, perguntou o senhor, esforçando-se por imprimir às palavras um tom escarninho nada de acordo com a dignidade celestial da indumentária, A serpente disse que não teríamos que morrer, Ah, sim, a ironia do senhor era cada vez mais evidente, pelos vistos, essa serpente julga saber mais do que eu, Foi o que eu sonhei, senhor, que não querias que comêssemos do fruto porque abriríamos os olhos e ficaríamos a conhecer o mal e o bem como tu os conheces, senhor, E que fizeste, mulher perdida, mulher leviana, quando despertaste de tão bonito sonho, Fui à árvore, comi do fruto e levei-o a adão, que comeu também, Ficou-me aqui, disse adão, tocando na garganta, Muito bem, disse o senhor, já que assim o quiseram, assim o vão ter, a partir de agora acabou-se-lhes a boa vida, tu, eva, não só sofrerás todos os incómodos da gravidez, incluindo os enjoos, como pariráscom dores, e não obstante sentirás atracção pelo teu homem, e ele mandará em ti, Pobre eva, começas mal, triste destino vai ser o teu, disse eva, Devias tê-lo pensado antes, e quanto à tua pessoa, adão, a terra ficou amaldiçoada por tua causa, e será com grande sacrifício que dela conseguirás tirar alimento durante toda a tua vida, só produzirá espinhos e cardos, e tu terás de comer a erva que cresce no campo, só à custa de muitas bagas de suor conseguirás arranjar o necessário para comer, até que um dia te venhas a transformar de novo em terra, pois dela foste formado, na verdade, mísero adão, tu és pó e ao pó um dia tornarás. Dito isto, o senhor fez aparecer umas quantas peles de animais para tapar a nudez de adão e eva, os quais piscaram os olhos um ao outro em sinal de cumplicidade, pois desde o primeiro dia souberam que estavam nus e disso bem se haviam aproveitado. Disse então o senhor, Tendo conhecido o bem e o mal, o homem tornou-se semelhante a um deus, agora só me faltaria que fosses colher também do fruto da árvore da vida para dele comeres e viveres para sempre, não faltaria mais, dois deuses num universo, por isso te expulso a ti e a tua mulher deste jardim do éden, a cuja porta colocarei de guarda um querubim armado com uma espada de fogo, o qual não deixará entrar ninguém, e agora vão-se embora, saiam daqui, não vos quero ver nunca mais na minha frente. Carregando sobre os ombros as fedorentas peles, bamboleando-se sobre as pernas trôpegas, adão e eva pareciam dois orangotangos que pela primeira vez se tivessem posto de pé. Fora do jardim do éden a terra era árida, inóspita, o senhor não tinha exagerado quando ameaçou adão com espinhos e cardos. Tal como também havia dito, acabara-se a boa vida.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Unesco lança Biblioteca Digital Mundial

PARIS, França (AFP) - A Biblioteca Digital Mundial, um site que oferecerá gratuitamente um arcevo excepcional de livros, manuscritos e documentos sonoros procedentes de bibliotecas e arquivos do mundo todo, está lançada, na sede da Unesco, em Paris.
O site da Biblioteca Digital Mundial funciona em sete idiomas (árabe, chinês espanhol, francês, inglês, português e russo).
O projeto, no qual participam a Unesco e outras 32 instituições associadas, foi desenvolvido por uma equipe da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e participam nele instituições da Arábia Saudita, Brasil, Egito, China, Estados Unidos, Rússia, França, Iraque, Israel, Japão, Grã-Bretanha, México e África do Sul, entre outros países.

O site da Biblioteca mundial é: http://project.wdl.org/project/english/index.html
Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/unesco_cultura_livros